"Eu não tenho idade. Tenho vida." (Vânia Toledo)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sorriso verdadeiro na terceira idade

Stock Images/Divulgação

Mais da metade dos idosos brasileiros não possui dentes e quase 90% deles precisam passar por algum tipo de tratamento odontológico. De acordo com a Associação Brasileira de Odontologia, 65% das pessoas acima dos 60 anos acreditam ser um desperdício de tempo ir ao dentista. Especialistas alertam que nunca é tarde para começar a cuidar da saúde bucal. De acordo com o odontologista Maurício Miyazaki, de Rio Preto, “muitos problemas instalados nos dentes são reversíveis e, com alguns ajustes, é possível solucionar o problema”, diz.

Os especialistas ressaltam que não é inevitável a perda de dente com o avanço da idade. “Só tem problemas nos dentes quem não cultiva os cuidados básicos necessários para a manutenção da saúde bucal. Em alguns casos isolados, alterações na saúde geral são razões para consequências na boca, mas em geral é possível sim evitar a perda de dentes no decorrer da idade.” A preservação dos dentes é algo hipoteticamente específico de paciente para paciente, contudo, resume-se basicamente à mesma “máxima”: cuidar!

Para o odontologista Régis Melo, a cada dia que passa a odontologia vem trabalhando com o intuito de preservar os dentes dentro da cavidade bucal. Algumas pesquisas mostram que a manutenção dos dentes em perfeito estado de saúde traz um ponto a favor do quadro de saúde geral do paciente.

“A previsibilidade de vida dos dentes aumenta de acordo com os cuidados que cada paciente adere aos seus hábitos diários de higienização somados a visitas periódicas ao dentista. Para que os dentes tenham vida longa, são recomendados cuidados básicos de atenção que vão desde higienização diária como escovação bem feita e uso do fio dental”, explica ele, que ainda reforça: “As consultas realizadas com periodicidade não só reduzem os riscos de perdas e desenvoltura de doenças, como também diminuem os gastos com tratamento odontológico.”


Saúde bucal depois dos 60

A entrada na idade senil é caracterizada por uma série de mudanças fisiológicas e, atrelado a isso, percebe-se uma queda na produção de saliva por parte das glândulas salivares. Esta queda é chamada, pelos especialistas, de xerostomia, e pode ser caracterizada de forma menos ou mais acentuada. “Como consequência da queda de produção de saliva, o que se observa é um risco maior para o desenvolvimento da cárie, uma vez que a saliva é um meio natural que previne a doença”, esclarece o odon-tologista Régis Melo, de Rio Preto.

“Alguns pacientes relatam dificuldade a falar e deglutir os alimentos durante a ingestão. Também pode caracterizar halitose (mal hálito) e inflamação da gengiva e tecidos adjacentes”, completa o especialista. Ainda de acordo com o odontologista rio-pretense, o tratamento da xerostomia depende da natureza da mesma, porém, na maioria dos casos, o tratamento é direcionado a amenizar os sintomas.

“Orienta-se que os pacientes façam uso de gomas de mascar, o que estimula as glândulas a trabalharem normalmente, e tratamentos químicos são empregados (apenas por dentistas), sendo ainda necessário em alguns casos o uso de saliva artificial”, afirma Melo. Para o odontologista Maurício Miyazaki, se o paciente acima dos 60 anos tiver todos os dentes, normalmente eles estarão desgastados em função do uso na mastigação.

“Caso a dentição seja parcial, muitas alterações podem acontecer, como mudança do encaixe dos dentes superiores com os inferiores, dentes que mudam de posição na arcada dentária, presença de próteses móveis, próteses fixas e até implantes para suprir a falta dos dentes extraídos”, diz. “Outra alteração é em relação a cor dos dentes: com o passar dos anos, eles ficam mais escurecidos”, complementa o odontologista. “Já em relação à salivação, não podemos afirmar que o idoso saudável tenha alteração. Mas se for usuário de medicamentos como, por exemplo, antidepressivos, hipertensivos, antialérgicos e outros, pode ocorrer baixa salivação”, explica.


Sem o uso da dentadura

Hoje, com a tecnologia agregada aos cuidados diários, é possível chegar aos 80 anos com dentes saudáveis.
“Alguns pacientes são privilegiados em decorrência de fatores locais, como por exemplo as colônias de bactérias presentes, que não têm consequências danosas aos dentes. Em outros casos, pode ser uma realidade por causa do comportamento do paciente, que obedece todos os critérios de higiene, mantendo alimentação sadia e respeitando os limites que os dentes exigem”, diz o odontologista Maurício Miyazaki. De acordo com Régis Melo, atualmente os profissionais da área enfrentam um paradigma no que diz respeito ao quadro clínico apresentado por uma grande parte dos pacientes.

“Vivemos em tempos de muita tensão e estresse. Um misto de corre-corre diário que acaba por gerar muitas tensões, as quais acabamos por dispersar pela boca, e em específico nos dentes. Mais comumente essa patologia tem sido chamada de ‘bruxismo’ ou ‘hábito parafuncional’, e se manifesta com o desgaste das estruturas dentárias, reduzindo a superfície dos dentes.” O profissional ainda reforça que esta realidade tem mudado o cenário dos pacientes que necessitam de prótese dentária (dentadura), e consequentemente mudado os tipos de tratamento empregados para a recuperação desses pacientes.

“O que se percebe é um maior número de pacientes necessitando de tratamentos que restabeleçam essas estruturas perdidas, e um declínio de pacientes desdentados”, explica Régis Melo. Mas lembra que não deixa de ser um privilégio chegar aos 80 anos e poder sorrir com dentes naturais. “Aqui vai uma dica para você chegar aos 80 anos e ainda sorrir com seus dentes naturais: sorria sempre. Sorrir faz bem à saúde do seu sorriso.”


Fonte: Diário WEB

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