"Eu não tenho idade. Tenho vida." (Vânia Toledo)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Baixa imunidade agrava a psoríase na terceira idade

Por Juliana Ribeiro
Stock Images/Divulgação
A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, não contagiosa, incurável, com incidência genética em 30% dos casos, e que pode se agravar na terceira idade, quando há uma diminuição natural das defesas do organismo. Estudos mostram que a enfermidade, que acomete de 1% a 3% da população mundial, pode vir acompanhada de outras doenças inflamatórias, como diabetes, esteatose hepática, doença coronariana, autoimune, entre outras.

De acordo com a dermatologista Sarah Freua, coordenadora do Grupo de Apoio Permanente da Psoríase (GRAPE) da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), é possível conviver com a psoríase em todas as fases da vida, incluindo a terceira idade, e manter a qualidade de vida. “Se o paciente receber o tratamento sistêmico adequado, tiver conhecimento da doença e adotar alguns cuidados específicos ele pode ter uma vida saudável também durante o envelhecimento”, explica.

O dermatologista João Roberto Antonio, professor de Dermatologia da Famerp e chefe do serviço de dermatologia do Hospital de Base, explica que, apesar de as manifestações clínicas serem predominantemente cutâneas, a psoríase também está frequentemente associada a enfermidades articulares e a múltiplas comorbidades (patologia psiquiátrica, obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial, distúrbios metabólicos dos lipídios sanguíneos e doença intestinal de Chron), o que torna ainda mais fundamental o tratamento dessa patologia, tanto no sentido preventivo como de controle dessas doenças.

“Além disso, a doença pode apresentar impacto significativo nas relações sociais do paciente, pois é percebida como estigmatizante por muitos indivíduos. Tais situações estão presentes na vida dos pacientes portadores de psoríase, independentemente do comprometimento articular, sendo este último mais um agravante de uma doença que já é devastadora para o paciente em diversos aspectos”, diz.

Stock Images/Divulgação
Aprendendo a conviver

Além das doenças que geralmente se manifestam com o envelhecimento e que podem desencadear ou agravar o quadro da psoríase, o paciente idoso tem mais predisposição à desidratação da pele, fator que também leva ao agravamento dos sintomas. Em vista disso, sua atenção deve ser redobrada.

“Para manter a doença sob controle, além do tratamento sistêmico acompanhado geralmente por uma equipe médica multidisciplinar, é imprescindível a hidratação da pele, que deve ser feita com hidratantes à base de ceramida, lactato de amônio e outras substâncias capazes de manter a barreira cutânea da pele, evitando a recidiva”, diz a dermatologista Sarah Freua.

Aos 79 anos, o aposentado Moyses Vaccari, de Catanduva, conta que convive com a doença há 50 anos. “Já fui em mais de 60 médicos. Todos eles dão um parecer de melhora, mas eu sei que não tem cura. No meu caso eu tenho a doença pelo corpo todo. Vivo momentos em que ela desaparece quase que por completo devido ao tratamento, mas basta cortar o remédio que volta tudo.”

Para Vaccari, o medicamento usado para o tratamento é muito forte e altera sua pressão. Por isso ele não pode fazer uso contínuo. “Ao longo desses anos já sofri desmaio, tive um AVC e queimei as nádegas em uma sessão de fototerapia, mas considero todos os tratamentos eficazes. Percebo o resultado, vejo a melhora. Como eu disse, já fiquei um tempo quase que com a pele sem nada, mas basta cortar o tratamento que volta tudo. A pele fica mais escamosa. Dá pra encher um copo com tanta pele que sai, mas como não tem cura é algo com que vamos aprendendo a conviver e a tolerar”, diz.

Há três anos a esposa dele, Hildetti Vaccari, 77 anos, desenvolveu uma psoríase, provocada, de acordo com o marido, por estresse e depressão. “Sei que existem até 8 tipos diferentes de psoríase, a dela, segundo os médicos, é fraca, ela toma medicamento e consegue controlar. Minhas duas filhas não têm a doença. Não é algo transmissível e nem contagioso. Posso também afirmar que, no meu caso, nunca passei nenhum constrangimento”, garante.


Cuidados necessários

De acordo com o dermatologista rio-pretense João Roberto Antonio, mais de 40% dos pacientes com psoríase irão desenvolver artrite psoriásica, normalmente após cerca de 5, 10 anos de acometimento cutâneo. Os mecanismos patogênicos de ambas condições são os mesmos, envolvendo fatores genéticos e ambientais. O comprometimento cutâneo da psoríase pode estar presente anos antes do surgimento dos sintomas de artrite psoriásica.

“Como a psoríase também está frequentemente associada a múltiplas comorbidades, é importante que o portador de psoríase procure tratamento o mais precoce possível, para poder, de alguma forma, propiciar uma melhora tanto dessas comorbidades que podem estar associadas como melhorar sua qualidade de vida”, diz. Cartão de visitas Para o especialista, os dermatologistas não medem esforços para satisfazer a necessidade dos pacientes por uma pele perfeita, o que aumenta a importância nos portadores de dermatoses inestéticas, como é o caso da psoríase.

“O maior órgão do nosso corpo é a pele, ela reveste o nosso exterior e o nosso interior. Com a pele nós respondemos a todo tipo de sensação de prazer e de dor. A pele é o nosso cartão de visita. Por isso, é tão importante uma pele saudável e livre de imperfeições”, diz. “É com ela que nos apresentamos e é com ela que vivemos. Felizmente, com os avanços da medicina, a psoríase pode ser tratada com medicamentos e procedimentos modernos que controlam e aliviam esse pesadelo, na maiorias das vezes”, completa.


O que pode causar?

Dependendo do caso da psoríase, que pode ser leve, moderada ou grave, o tratamento tópico, associado à alimentação saudável, hidratação da pele e exercícios físicos condizentes com cada paciente, pode ser suficiente para o controle da doença. Já em quadros moderados e graves, além de alimentação, exercícios e hidratação são fundamentais no tratamento mais profundo com base na doença e, também, das comorbidades.

Uma opção de tratamento para controlar a psoríase na terceira idade é o Enbrel (etanercepte), que age ligando-se a uma substância conhecida como TNF (fator de necrose tumoral), bloqueando sua atividade e reduzindo a inflamação causada pela psoríase. “Na terceira idade, como em outras fases da vida, é totalmente possível viver bem tendo psoríase. A palavra-chave é conhecimento, a fim de minimizar o preconceito, que ainda é muito grande”, diz a dermatologista Sarah Freua.


Fonte: Diário Web

Nenhum comentário:

Postar um comentário