"Eu não tenho idade. Tenho vida." (Vânia Toledo)

terça-feira, 18 de março de 2014

Passe livre de ônibus para idosos começa bem

Por Lucilene Oliveira

Acessibilidade no interior dos ônibus  foi deixada de lado, segundo especialista

São Paulo (SP) - Os passageiros com mais de 60 anos não encontraram problemas para andar de graça nos ônibus da capital, ontem, no primeiro dia da gratuidade para esse público. Antes, o benefício para quem tinha mais de 60 era restrito para as mulheres. Os homens ficavam isentos do valor da passagem somente depois de completar 65 anos.

Mesmo quem não tem o Bilhete Único do Idoso conseguiu, sem problemas, desembarcar pela porta dianteira depois de mostrar o RG para o motorista ou o cobrador do coletivo. Foi o caso do marido de Elisabet Valente Floresnazo, de 67 anos. “Ele tem 64 anos e teria de pagar a passagem por mais um ano. Ele saiu de casa todo feliz porque não teria mais de pagar a condução. Pegamos o ônibus, mostramos o RG para o motorista e descemos sem problemas”, contou Elisabet.

O Sindicato Nacional dos Aposentados comemora a conquista de ampliação do benefício. “O Estatuto do Idoso diz que a gratuidade deve ser a partir dos 60, não tinha sentido os homens terem direito ao benefício só com 65 anos”, disse Carlos Andreu Ortiz

Os idosos festejaram a ampliação do benefício, mas ainda têm muito o que reclamar quando o assunto é conforto. A principal dificuldade é circular pelos veículos que possuem escadas internas . “Quando vejo que é um ônibus com os degraus no meio, eu prefiro esperar o próximo”, afirmou o aposentado Sérgio Custódio, de 85 anos, que utiliza uma muleta para auxiliá-lo na locomoção.

A médica Ana Lúcia Vilela, da Sociedade Brasileira de Geriatria, explica que no transporte público os idosos, que já têm dificuldade de equilíbrio, ficam ainda mais vulneráveis. “Para ele, subir a escada já é difícil. Se o veículo estiver em movimento, os riscos aumentam”, disse.

De acordo com o urbanista Flamínio Fichmann, a acessibilidade nos ônibus se resume às portas de entrada e de saída, enquanto a parte interna do veículo é esquecida. “O Termo de Ajuste de Conduta entre a Prefeitura e Ministério Público determinava a acessibilidade dos veículos também na parte interna, mas foi deixado de lado”, afirmou o especialista.


Cidade tem 9,9 mil coletivos acessíveis em circulação

Em resposta aos problemas enfrentados pelos idosos nos ônibus, a SPTrans afirma que a fabricação dos veículos no Brasil é obrigada a seguir normas estabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), inclusive no que diz respeito à acessibilidade. Nas normas estão inclusas a posição e dimensões dos assentos preferenciais para idosos e pessoas com dificuldade de locomoção.

Em a nota, a Prefeitura afirma que a SPTrans investe na acessibilidade do sistema municipal de transportes, por meio da renovação da frota. Em 2005 eram 297 veículos acessíveis. O número cresceu 2.819,8% desde então.

A partir de 2009 todos os ônibus que começaram a operar em São Paulo possuem acessibilidade. Atualmente o sistema conta com aproximadamente 9,9 mil veículos acessíveis.

Sobre as escadas internas nos veículos, a SPTrans afirmou que, como a área destinada a idosos e pessoas com deficiência fica antes das escadas internas, o veículo não deixou de ser acessível. Dessa forma, o Termo de Ajuste de Conduta é obedecido.


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