Terceira idade impulsiona o mercado

Avanços na medicina fazem a longevidade do brasileiro aumentar. A população está mais velha e ativa por mais tempo. O novo perfil é um mercado com grandes possibilidades

Aos 89 anos, Elano de Paula segue uma rotina ativa e produtiva

Construir e comercializar um conjunto de casas, reformar e decorar o apartamento novo para deixar tudo pronto para a festa de aniversário de 90 anos, fazer palestras sobre espiritualidade. Essas são as atividades cotidianas de Elano de Paula. O irmão mais velho de Chico Anysio não se intimida com os 89 anos e 10 meses e segue uma rotina ativa, produtiva e absolutamente lúcida.

E ele não está sozinho. De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 23,5 milhões dos brasileiros com mais de 60 anos. O número é maior que o dobro do que foi registrado em 1991, quando a faixa etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas. Outro estudo, realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês), aponta que a previsão é que o número de idosos chegue a 64 milhões até 2015. O mesmo relatório diz que 47% dos homens idosos e 24% das mulheres idosas participam do mercado de trabalho.

Os dados chamam atenção para as possibilidades envolvendo esse público. Segundo o médico Antero Coelho Neto, coordenador do Pacto de Cooperação pela 4ª Idade, estudos apontam que quase 70% das pessoas com mais de 60 anos no Brasil continuam ativas. “Tem havido um significativo aumento, ainda que muito menos quando comparado com alguns outros países desenvolvidos”, compara ele, que é autor de 30 livros sobre saúde, educação, planejamento, qualidade de vida, longevidade e literatura.

“É também muito importante a comprovação que o número de idosos que continuam como suporte financeiro e administrativo de suas casas e famílias tem aumentado, apesar do correspondente aumento de patologias da 3ª e 4ª idades”, ressalta.

Isso significa que as empresas que prestarem atenção na nova realidade brasileira podem se adequar ao perfil para garantir boas perspectivas de negócios.

Acessibilidade, atendimento personalizado e confiabilidade são itens fundamentais para quem deseja lucrar com esse público, que segue produzindo, consumindo, tomando decisões de compra e cada vez mais investindo em qualidade de vida. “Há como que um ‘despertar’ para o trabalho e até para o emprego. Emprego e trabalho são coisas diferentes. E como a promoção da saúde do idoso também tem aumentado, apesar das inúmeras dificuldades e insuficiências comprovadas, a longevidade tem crescido acima do previsto há 20 anos. Como também suas atividades criativas muitas vezes aumentam, os idosos passam a produzir e elaborar novos hábitos ou novos materiais de uso coletivo”, explica Antero.

Os dados do IBGE, divulgados com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) mostram que, na comparação entre 2009 (quando foi divulgada a última pesquisa do tipo) e 2011, o grupo da terceira idade aumentou 7,6%; ou seja, mais 1,8 milhão de pessoas. Há dois anos, eram 21,7 milhões de pessoas.

64 milhões é a previsão do número de idosos até 2015.

Fonte: Jornal de Hoje - O Povo