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Alguns dos meus companheiros de viagem no La Pinta felizes e contentes deixando o navio num zodiac para mais uma expedição pelo arquipélago de Galápagos |
Sou definitivamente a big city girl: adoro ruídos, muita gente, trânsito intenso, arquitetura farta, grandes museus, muito por fazer em todo canto. Dentre meus lugares favoritos no mundo, muitos são grandes cidades, metrópoles, capitais. Mas, ainda assim, me realizo muito também, como viajante e ser humano, em desertos e lugares remotos e até em roteiros mais de “aventura” que, por definição, não seriam minha praia.
Isso quer dizer que, por mais que tenhamos um “perfil”, podemos nos dar muito bem em destinos diferentes e maneiras diferentes de viajar, testando de tudo um pouco, devagar e sempre. Digo isso porque muita gente que me acompanha pelo twitter e Instagram, por exemplo, e vai vendo em tempo real minhas andanças por aqui e ali, se empolgou muito com minha viagem por Galápagos; mas ficou também cheio de receio quando descobriu que eu estava explorando o arquipélago à bordo de um cruzeiro.
Bem, temos forte por aqui o estigma de que turismo é coisa para “terceira idade”, “aposentados” – e com isso eu não concordo, e seria eu mesma uma exceção, se isso fosse regra. Tem também quem já fez cruzeiro pela costa brasileira se assustou com o excesso de “festas”, muvuca e barulheira à bordo dos navios – o que, sim, é verdade, concordo muito.
E por que eu não acho que cruzeiro é coisa para “velhos”? Porque tenho por definição que tudo depende de um onde, de um quando e de um como. Existem destinos e destinos, existem cruzeiros e cruzeiros e, mais importante ainda, existem cruzeiristas e cruzeiristas. Se tem algo que aprendi nos meus cruzeiros é que, quanto mais óbvio o destino (Caribe, Mediterrâneo, Costa Brasileira etc), mais óbvio e xoxinho o cruzeiro (e mais óbvios e xoxinhos os companheiros de viagem também o.O ).
Sou suspeita para falar porque realmente gosto da ideia de navegar e adoro, inclusive, nos cruzeiros longos, os chamados sea days. Mas isso porque eu sempre procuro itinerários e navios que têm a ver com os meus gostos, o meu perfil, os meus interesses, os meus objetivos com a viagem – e acho que aí é que reside toda a diferença. Existem cruzeiros tradicionais (como os dos grupos Costa, MSC e afins), mas também existem os temáticos (gourmet, dança, fitness etc), os de luxo (como Silversea, Crystal, Seabourn etc) e, meus preferidos, os de exploração (nos quais não rola “noite de gala” nem nada do gênero, porque o foco são as expedições diárias e não o entretenimento à bordo).
Cruzeiros mundo afora acontecem em barcos de tamanhos diferentes, propostas diferentes, itinerários diferentes, serviço diferente e, mais que tudo, atividades completamente diferentes durante a viagem. Isso quer dizer que abrangem também perfis muito diferentes de viajantes; não é porque a gente faz um cruzeiro que tem que passar o dia na piscina e a noite no cassino, por exemplo – aliás, eis aí duas coisas que nunca, nunquinha, faço nos meus cruzeiros, nem em pensamento (e olha que eu já tenho uma dezena e meia no currículo)
Esse que fiz em Galápagos, por exemplo, o La Pinta, é o perfeito cruzeiro para quem “não gosta de cruzeiros”; assim como os operados pela Cruceros Australis, que navegam na Terra do Fogo (ou “fim do mundo”) e estão entre as melhores viagens de navio que já fiz. Ambos são cruzeiros de expedição, nos quais não se cultua “a vida à bordo” nem existe qualquer sombra de formalidade. Têm serviço bom, acomodações confortáveis, boa comida, mas zero frescuras ou afetações; o traje à bordo é o mais informal e esportivo possível e ali todo mundo acaba indo dormir mezzo cedo porque vai despertar igualmente muito cedo para as puxadas expedições diárias nos destinos de escala (geralmente remotos). Gente que está ali para explorar a fundo os pontos de parada do roteiro e não para se emperequetar à noite ou jogar conversa fora na piscina (a maioria desse tipo de navio, aliás, nem sequer tem piscina); a gente passa mais tempo fora que dentro da embarcação. Para mim, eis aí o mais democrático dos tipos de cruzeiros: excelente para solo travelers (a interação entre os hóspedes, em número reduzido, é sempre muito grande), casais, grupos e até famílias com crianças pequenas. E, aliás, de viagens para “velhos” eles não têm nada.
Gosto é gosto, eu sei. O que seria do azul se todos gostassem do amarelo, né? Mas, sobretudo para destinos mais remotos (ilhas, canais, fiordes, arquipélagos, estreitos etc), acho que vale você rever seus conceitos.

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