"Eu não tenho idade. Tenho vida." (Vânia Toledo)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A terceira idade e o fascismo do Estado

Da Redação*

Um dos graves problemas da Justiça brasileira é que ela precisa ser provocada para agir. Provocar a Justiça não significa xingar a mãe do juiz (exceção para o juiz de futebol) nem chutar o traseiro de um desembargador. Trata-se de um exercício burocrático que chame atenção do magistrado de plantão para eventuais malfeitos, preferivelmente, em três vias (sim, é preciso usar o papel carbono), porque ninguém acredite em queixas feitas nas e pelas redes sociais – pode ser trote.

A terceira idade, aquele público cada vez mais numeroso que vai dos 60 anos de idade até a missa de Sétimo Dia, possui em alguns Estados uma Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso (e à idosa, entenda-se, porque não é uma repartição machista, em tese). Em Manaus, os idosos têm alguns privilégios, ou seria melhor dizer, benefícios, justamente por serem idosos. São fartas as promoções que mobilizam a terceira idade para terapias ocupacionais, para que eles não fiquem pensando que são idosos e entrem em depressão e não tenham a mente desocupada.

Algumas atitudes especializadas em defesa do idoso, no entanto, costumam ser muito perversas e lembram tristes histórias patrocinadas pelo fascismo, as piores já registradas contra a humanidade, em todas as suas idades. Uma delas é essa exigência sadista de que o idoso precise de um crachá para “provar” que são idosos, exatamente como a obrigação de os judeus usarem uma estrela amarela pregada no peito para identificá-los como judeus (sim, o holocausto existiu). É como se alguém precisasse de um documento oficial, carimbado por algum funcionário ocioso, para provar que não tem uma perna ou um braço, por exemplo.

Pois para usar a vaga de idoso no estacionamento é necessário um documento desse tipo. A outorga do crachá se dá da maneira mais incrível. O idoso vai a uma repartição escondida no bairro Japiim, pega uma senha, senta na sala com ar-condicionado e espera que o funcionário acabe de merendar. Diante dessa autoridade, o velhinho (ou a velhinha) mostra a carteira de identidade (só mostra, não precisa de fotocópia, de nada), e aí ganha o seu troféu. No estacionamento a carteira de identidade não vale. Só vale o crachá. Viva a terceira idade!

Leia também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário