"Eu não tenho idade. Tenho vida." (Vânia Toledo)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Idosos com mais de 79 anos veem voto como ferramenta de mudança

Em 2012, número de eleitores nesta faixa etária cresceu 30,8% no Brasil.
Para historiadora, idosos dão uma grande lição de cidadania à população.


Aos 82 anos, dona Santinha faz questão de votar (Foto: Reprodução EPTV)
Aos 82 anos, dona Santinha faz questão de votar (Foto: Reprodução EPTV)

Eles têm mais de 79 anos, mas a idade não é barreira quando o que está em discussão é a o exercício do voto. Para els, votar é uma ferramenta de transformação da realidade dos municípios. Nas eleições deste ano, o número de idosos eleitores cresceu 30,8% em relação ao último pleito municipal. Só no Estado de São Paulo, o aumento é de 36,9%.

Em Campinas (SP), eram 16.023 eleitores com idade acima de 79 anos em 2008 – em 2012, são 22.663. Em Ribeirão Preto (SP), o número passou de 8.146 para 11.188 e, em Araraquara (SP), de 3.524 para 4.911.

Para dona Santinha Eliza Serafim Gonçalves, de 82 anos, moradora de Taiúva (SP), o voto é fundamental. “A gente tenta acertar pelo bem da cidade e do povo. A escolha é feita de coração. Eu não precisava mais votar, mas eu acho importante. O meu voto conta como o dos outros e ele pode ajudar a decidir”, diz dona Santinha.
Em municípios como Taiúva onde há menos de 200 mil eleitores, o voto de dona Santinha pode ser de fato decisivo. Em 2012, serão 210 votantes como ela. “Aqui, é necessário que o prefeito tenha apenas a simples maioria dos votos. Se um candidato tem 10 votos e outro tem 11, este já é o vencedor. Nos demais municípios é necessário que o candidato tenha maioria absoluta, ou seja, 50% mais um”, explica o chefe do cartório eleitoral Henrique de Faria.

Aos 89 anos, o aposentado Nilson Garcia gosta de analisar os candidatos. “Estudo o perfil de cada um para escolher aquele que melhor governará. Um prefeito faz muita diferença para a cidade, desde que ele seja honesto e trabalhador. O meu voto faz diferença e eu sempre procuro votar no melhor. Não é fácil me convencer, eles precisam prestar atenção nisso”, declara.
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Razões

Para a historiadora Sandra Molina, a memória é o fator que motiva os idosos a votar mesmo não havendo mais a obrigatoriedade. “Eles têm a memória afetiva de participar da política. Um idoso de 70 anos passou por grande parte da história recente deste país, incluindo o processo de democratização. Neste período, eles entenderam que poderiam fazer a diferença. O idos entende o que era o Brasil há 30 anos atrás, o que o Brasil poderia ser e o que o país já conseguiu. Talvez por isso ele não desista de votar, porque ele acredita que ainda pode fazer a diferença”, afirma.

O fato da proximidade com os candidatos da cidade estimula o aposentado Milton Kenan, de 79 anos. “As eleições municipais são mais importantes que as estaduais e federais. Temos mais liberdade para cobrar melhorias na cidade”, diz.

Ao contrário dos idosos, a historiadora afirma que os jovens estão cada vez mais desinteressados da política. “Eles veem uma série de escândalos sem punição e se acham impotentes para fazer com que os políticos corruptos deixem seus cargos”.

Sandra afirma que os idosos sabem o quanto foi difícil a luta da conquista sobre o direito do voto. “Eles querem um sistema de saúde decente, uma aposentadoria digna, e o voto é uma forma de exigir isso. Eles nos dão uma grande lição de cidadania”.

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